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Há muitos anos me pergunto quem eu sou. Quanto mais me pergunto, menos sei quem sou. O que penso que sou não é o que sou.

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Wermeson Sousa On domingo, 6 de novembro de 2011

Com a ajuda de um andador, um policial militar da Bahia conseguiu em outubro dar os primeiros passos desde que sofreu um acidente há nove anos.

O paciente de 47 anos, que não teve nome divulgado, estava paraplégico e recebeu um transplante de células-tronco em 14 de abril deste ano. Em junho, já conseguia mover um pouco as pernas e, alguns meses depois, com a ajuda de muita fisioterapia, conseguiu dar os primeiros passos.

Mas a recuperação do paciente baiano, apesar de dar muitas esperanças, ainda está anos à frente de tratamentos que cheguem aos hospitais e clínicas. Segundo Milena Botelho Soares, Da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Bahia, ainda falta muita pesquisa.

Milena afirma que foram escolhidos para o estudo cinco pacientes que não tinham nenhuma outra forma de recuperação para assim atestar o resultado da pesquisa.

As respostas ocorreram em diferentes graus - de pacientes com pequeno retorno de sensibilidade e movimento até o policial que conseguiu andar. O estudo agora será ampliado e mais 15 pessoas com paraplegia se juntam ao grupo.

Os resultados são animadores, e os pesquisadores da Bahia estimam que - se os sucessos continuarem a ocorrer - o tratamento com células-tronco vai chegar aos hospitais, mas não antes de cinco anos.
"Fizemos o transplante em cinco pacientes.

Esse é o mais antigo, o primeiro que tratamos e que teve uma resposta muito boa. Os outros pacientes tiveram graus variados de recuperação, uns tiveram pouco aumento de sensibilidade e ganho de movimento, outros tiveram maior grau", explica a cientista.

Os passos da pesquisa
 
Outra pesquisadora de células-tronco, Patrícia Pranke, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que não teve ligação com a pesquisa na Bahia, lembra que já existe um tratamento consagrado que usa células-tronco: o transplante de medula.

Mas a esperança é a de que essa área possa ajudar em muitos outros casos - de mal de Parkinson a diabetes.

A professora afirma que existem três fases na pesquisa: a básica (somente em laboratório e sem envolver animais), a pré-clínica (testes em animais) e a clínica (com humanos). Todo esse caminho leva muitos anos, até décadas, para chegar aos demais pacientes - isso se tudo der certo.

Mas a pesquisadora acredita que o avanço já pode ser considerado notável. "Até 15 anos atrás, os neurocientistas diziam: 'é impossível curar uma lesão raquimedular'. (...) É um avanço fantástico"
Patrícia explica que já conseguiu recuperar lesões na coluna de ratos em laboratório - o que não foi nada fácil, segundo ela -, mas, mesmo em animais, o resultado ainda não foi 100%.

"Os nossos ratinhos não voltaram a correr. Eles estavam paraplégicos e não saíram correndo. Eles tiveram uma melhora de 40 a 50% no movimento. Isso pode parecer pouco a quem não é da área, mas não é. É um avanço fantástico. Quebrou-se um paradigma".

"É uma luz no fim do túnel. A gente sabe que é um caminho a seguir. Se esse caminho vai demorar 10 anos, 5 anos ou 50 anos, a gente não sabe. Mas eu não tenho dúvida que isso vai um dia acontecer."